Título original: The red tent
Autora: Anita Diamant
Editora: Verus
Páginas: 293
"A grande mãe a quem chamamos Innana concedeu às mulheres uma dádiva que os homens desconhecem, que é o segredo do sangue. O fluxo na escuridão da lua, o sangue benéfico do nascimento da lua, para os homens, é vazamento e incômodo, aborrecimento e dor. Eles acham que sofremos e consideram-se afortunados. Nós os deixamos pensar assim. Na tenda vermelha, sabemos qual é a verdade. Na tenda vermelha, onde os dias passam como as águas de um riacho tranquilo enquanto a dádiva de Innana passa atravésde nós, limpando o corpo da morte do mês anterior, preparando o corpo para receber a vida do novo mês, na tenda vermelha, as mulheres dão graças: pelo repouso e pela recuperação, por saber que a vida vem de dentro de nós, surge entre as nossas pernas, e que a vida custa sangue."
No livro de Gênesis, na Bíblia, é mencionado o nome de Dinah, filha de Jacó e Lia. No entanto, nada ficamos sabendo sobre ela.
Em A tenda vermelha, Anita Diamant, baseada na história de Jacó na Bíblia, cria uma poderosa narrativa, fazendo de Dinah sua protagonista.
Neste romance, toda a história é narrada por Dinah. Ela começa contando a história sobre as quatro esposas de Jacó – Lia, Raquel, Bilah e Zipah – e como ele veio a se casar com elas, e, apesar de ser filha de Lia, ela refere-se às quatro como “mães”.
O cenário central da história é a tenda vermelha, para onde as mulheres se retiram todos os meses quando se encontram no período menstrual. Embora fosse apenas uma menina, Dinah ia para a tenda com suas mães e era lá que elas contavam suas histórias a ela, para que um dia ela pudesse contar às suas filhas também.
Enquanto cresce, Dinah tem a oportunidade de observar os diversos níveis e tipos de comportamento e relacionamento entre homens, mulheres, parentes, irmãos e as demais pessoas, aprendendo que o mundo não funciona da mesma maneira como funciona a casa de seu pai, tampouco como a casa de sua vó, e que fora do seu círculo familiar – e em alguns momentos dentro desse mesmo círculo – a vida pode ser bem diferente e muito mais triste.
Há muito tempo eu queria ler este livro e felizmente o dia chegou. Não tenho palavras para dizer o quanto eu gostei da leitura!
Através de Dinah, nós assistimos ao nascimento de um povo a partir de um casamento. Viajamos pelo deserto, passamos por outras cidades e seguimos até o Egito.
A escrita de Anita Diamant é poética, leve, mas também é profunda e tem o poder de nos transportar para dentro da história e nos fazer conviver com os personagens. Com Dinah eu ri, chorei e me emocionei, e em toda sua trajetória eu pude ser sua confidente.
A tenda vermelha já é, sem dúvida, uma das minhas melhores leituras de 2018. E para quem não sabe, há uma minissérie baseada no livro – e bem fiel – na Netflix, que eu também já assisti e gostei muito! Deixo o trailer aqui abaixo:
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