Título: Sonata em Auschwitz
Autora: Luize Valente
Editora: Record
Páginas: 378
"Do meio daqueles homens nus, com rostos chupados e nádegas murchas, os guardas me arrancaram. Para onde me mandaram ficou o resto da minha alma, onde viver era perder-se de si próprio. Quando abríamos as portas das câmaras de gás, havia merda por todo lado. O medo faz o ser humano defecar. Havia também vômito e paredes arranhadas com sangue dos dedos esfolados no cimento. Crianças e velhos formavam massas disformes, coladas, na base da pilha de corpos - pedaços, como os guardas costumavam nominá-los. Eles povoam minha memória impregnados de odores."
Amália, assim como seus pais, é portuguesa, mas seus
avós por parte de pai - que ela vira uma única vez na vida, quando era muito
pequena - eram alemães. Ela sempre soube que seus avós estavam vivos, mas, por
algum motivo, seu pai cortara relações com eles e proibiu-a de procurar procurá-los.
Um dia, ao chegar à casa de seus pais sem ser percebida, ela
pega o telefone para ligar para um amigo. Quando coloca o fone no ouvido, ela
percebe a voz de seu pai conversando com uma mulher. Não demora muito para que
ela perceba que essa mulher é sua avó. Em silêncio, ela continua a ouvir a
conversa dos dois e descobre que tem uma bisavó chamada Frida que está prestes
a morrer e pede para ver Hermann, pai de Amália, antes que seja tarde demais.
Hermann, por sua vez, diz a sua mãe que ele não vai e que o telefonema havia
sido um erro e desliga o telefone. Ele não tinha nada mais a ver com eles.
Porém, antes que seu pai desligasse o telefone, a avó de
Amália havia dito a Hermann o telefone Frida e Amália, sem saber por quê, acaba
anotando. Depois, ao invés de procurar pelo pai, ela acaba indo embora.
Embora ela sempre se perguntasse o que havia acontecido
entre Hermann e sua família, ela nunca conseguiu descobrir, pois era proibido
tocar nesse assunto com seu pai. Agora que descobrira que tinha uma bisavó –
não por muito tempo –, ela sentia mais urgência ainda em saber dos
acontecimentos que levaram o pai a romper com a família e renegar o sangue alemão.
Depois de algum tempo de reflexão, ela mesma acaba ligando para Frida e se
apresentando, deixando marcada uma visita para os próximos dias.
Ao encontrar-se pessoalmente com Frida, esta lhe diz que há
um segredo sobre o passado de sua família que precisa ser revelado antes que ela
morra, e é assim que começamos a descobrir a história da família de Amália, que
começara nos anos da Segunda Guerra, sob a terrível destruição de Hitler.
Eu sou completamente apaixonada por histórias que se passam
durante a guerra, não me perguntem o motivo, porque eu também não sei.
Quando li a sinopse de Sonata em Auschwitz, eu sabia que
iria chorar durante a leitura, mas solicitei mesmo assim. E chorei. Chorei
muito.
A história narrada por Luize Valente é ficcional, mas os
fatos relatados aqui não, são históricos. O horror e o sofrimento da Segunda
Guerra foram muito, muito reais. Aliás, são até hoje e, apesar de tantos
livros, filmes e documentários que já li e vi a respeito, ainda assim, eu não
consigo sequer imaginar como foi passar por isso. A única coisa que eu consigo
fazer é chorar.
A história da família de Amália é uma história linda, que
fala de tristeza e morte, mas também fala de vida. E é justamente dessa vida
que nasce uma sonata, em plena guerra. E esta sonata que dá nome ao livro e é
mencionada várias vezes no decorrer da história, pode ser ouvida aqui.
Sonata em Auschwitz é um livro tocante que nos ensina muitos
valores e, o mais importante, também nos ensina que, mesmo depois da
destruição, ainda é possível recomeçar.
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