Título original: Negotiating with the dead
Autora: Margaret Atwood
Editora: Rocco
Páginas: 255
"Todos os autores são duplos, pela simples razão de que nunca se consegue realmente conhecer o autor do livro que se acabou de ler. Tempo demais transcorreu entre a composição e a publicação, e a pessoa que escreveu o livro agora é alguém diferente. Ou é o que dizem. Por um lado, isso é uma maneira conveniente para o autor livrar-se da responsabilidade, e ninguém deve lhe dar atenção. Mas, por outro lado, é bem verdadeira."
Negociando com os mortos é um delicioso livro
sobre a escrita e sobre ser escritor. Na verdade, é a transcrição de uma
palestra dada por Margaret Atwood há alguns anos, na Conferência de Epsom, na Universidade
de Cambridge.
Usando de sua própria experiência como poeta
nos anos 50 em Toronto, ela afirma aos jovens escritores que eles não estão
sozinhos em sua assustadora missão de escrever.
Mas este não é um livro com dicas sobre como
escrever, e, sim, um livro onde a autora compartilha suas teorias sobre o
ofício de escrever, com a ajuda de citações de Platô, Oscar Wilde, John Milton
e outros autores.
Em seus capítulos deliciosamente bem escritos e
cheios de humor, ela diz achar que as pessoas escrevem para gravar o mundo como
ele é, ou para atrair o amor de um homem ou uma mulher, pra servir à Arte, ou,
ainda, por vingança e outros motivos mais, e que dois autores nunca escrevem
pelos mesmos motivos.
Os 6 capítulos podem até ser lidos como uma
introdução aos poemas e às novelas de Margaret Atwood, e o tanto de referências
que ela faz é uma delícia para os olhos de nós, que somos leitores, pois são
muitas, o que me faz afirmar que este não é livro para ser lido por
preguiçosos, uma vez que algumas referências ela explica e outras ela deixa
implícito o que quer dizer. Eu mesma anotei o nome de todas para poder ler com
calma cada uma delas e, por esse motivo, ouso dizer que tive em minhas mãos uma
maravilhosa aula e não um livro.
Eu poderia dizer muito mais a respeito desse
livro, mas aí acabaria toda a graça de se descobrir por si só os tesouros ali
escondidos.
Deixo aqui apenas a minha recomendação, com a
promessa de que, para aqueles que gostam de literatura em geral e da arte da
escrita, este é um livro que não pode faltar na estante!
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