O primeiro dia do resto da nossa vida - Kate Eberlen

Título original: Miss you
Autora: Kate Eberlen
Editora: Arqueiro
Páginas: 432


“Minha mente vagueou pelos grandes pares românticos da literatura. Será que eles realmente tinham se encontrado porque estavam destinados um ao outro ou apenas porque moravam próximos?”


Tess e Gus foram feitos um para o outro. Só que eles não se encontraram ainda. E talvez nunca se encontrem.

Em 1997, a vida estava apenas começando para Tess. O livro começa no momento em que ela está curtindo sua viagem pela Itália com sua melhor amiga, Doll, durante as férias de verão. Apaixonada por arte, principalmente a das igrejas, Tess tem certeza de que um dia voltará àquele país tão encantador! Por ora, sua grande expectativa é voltar para a casa e começar as aulas na universidade. Ela quer muito estudar Artes e está muito feliz por ter conseguido uma vaga.

Porém, ao chegar em casa, ela recebe a terrível notícia: sua mãe, que já lutara contra o câncer e vencera uma vez, foi acometida pela doença novamente e desta vez não há o que fazer. Na verdade, ela já está na fase terminal. Com essa notícia, a vida de Tess ganha uma terrível reviravolta. Ela cancela a matrícula na faculdade e decide cuidar da mãe no pouco tempo de vida que lhe resta.

Quando a mãe morre, Tess se vê num dilema familiar. Sua irmã caçula, de 7 anos, Hope, tem um comportamento difícil e não é fácil de lidar com ela. Por esse motivo, seus irmãos sequer cogitam a ideia de cuidar de Hope, o que, sem que Tess possa evitar, acaba sobrando pra ela. Isso sem falar no pai ausente, que fica mais tempo no bar do que em casa.

Cuidando da irmã, não há a menor possibilidade de Tess ir para a faculdade, pois Hope tem a Síndrome de Asperger, vive tendo problema na escola e necessita de muita atenção. Assim, ela aceita que seu destino é deixar sua vida de lado e viver para sua irmã.

Também em 1997, a vida de Gus não ia nada bem. Durante as férias de verão na Itália com seus pais, ele tem que lidar com a morte de seu irmão mais velho, Ross, e com o fato de a presença dele ainda ser muito constante em sua vida, não porque ele gostasse do irmão – na verdade, ele achava que não gostava – , mas porque Ross sempre fora o preferido de seus pais e, mesmo ele estando morto, eles não param de falar nele e de comparar os filhos, deixando bem claro que Gus não era o melhor filho, era apenas o que sobrou e que eles teriam de se contentar com isso, embora não se contentassem de fato.

Para piorar, Gus vai para a universidade quando voltar de férias, não para estudar Artes, que era o que ele queria, mas para fazer Medicina, que ele odeia, por exigência de seu pai – afinal de contas, Ross também se formaria em Medicina se não tivesse morrido.

Tess, dedicando sua vida a cuidar de sua irmã, acaba esquecendo-se de si mesma e contentando-se com as migalhas que a vida reserva para si. Com o passar dos anos, muitas coisas lhe acontecem: problemas de relacionamento – amoroso e de amizade –, problemas com o pai, com os irmãos, com a própria Hope.... Muitos desafios e desapontamentos a encontrarão antes de ela poder ser feliz de verdade.

Para Gus não é diferente. Vivendo em Londres e longe de seus pais, ele começa a viver a vida com mais liberdade e sair da sombra de seu falecido irmão. Enquanto Tess lida com seus reveses, Gus também tem sua própria parcela de desafios para lidar, sempre relacionados a relacionamentos amorosos e familiares, até que, anos depois, sentindo-se perdido e sozinho, ele tem a oportunidade de tirar algumas férias de sua vida e ir de encontro à sua felicidade.  


O livro é narrado em primeira pessoa, sempre alternando os capítulos entre Tess e Gus. Primeiro vem o capítulo dela e depois vem o dele, contando o que lhe aconteceu no mesmo período narrado por Tess.

Durante a leitura dos primeiros capítulos deste livro, eu devo confessar que fiquei um pouco frustrada, pois tudo girava em torno da morte da mãe de Tess e do irmão de Gus. Mas, quando já estava na metade, eu me vi completamente imersa na história.

Tanto as vidas de Tess quanto de Gus não foram fáceis. A diferença é que Tess não teve outra escolha senão a de viver para sua irmã, enquanto Gus tinha seus problemas em grande parte por ser irresponsável e acomodado. Mas mesmo assim eles tiveram seus erros e acertos no decorrer dos anos, o que os tornam personagens bem verossímeis.

Tess tem seus problemas com o pai e com o fato de ter praticamente se tornado mãe aos 18 anos. Sua autoestima também não é muito grande, o que faz com que ela acredite muito pouco em si. Assim como qualquer pessoa, em determinado ponto da vida ela acaba se agarrando a um relacionamento como seu porto seguro e se acomoda naquela situação.

Gus não tem uma atitude muito diferente e também mergulha de cabeça num relacionamento bem estável e duradouro, até jogar tudo isso pro alto com sua irresponsabilidade.

É muito fácil compreender as escolhas de Tess e entender a sua vida. A gente acaba sofrendo com ela. E também é muito fácil se irritar com Gus e sua imaturidade, mas a gente acaba relevando pelo fato de suas atitudes serem fruto do difícil relacionamento entre ele e seus pais.

Uma coisa que eu achei bem legal foram os vários momentos em que Tess e Gus se encontraram ao longo da vida, sem ter nenhuma ideia de quem eram, e de quando eles cruzavam a vida de pessoas que ambos conheciam, sem nunca terem sido apresentados, deixando bem claro que só prestariam atenção um no outro na hora certa, se um dia ela chegasse.

Enfim, comecei o livro não acreditando muito na história e cheguei ao final com um sorriso no rosto e muito satisfeita com minha leitura.

Só dei 4 estrelas porque achei o final ter sido bem corrido, acredito que pelo fato de o desfecho ter sido deixado bem para os capítulos finais mesmo.


De qualquer maneira, adorei as histórias de Tess e Gus e recomendo muito a leitura!


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