Título original: The young elites
Autora: Marie Lu
Editora: Rocco
Trilogia: Jovens de Elite - livro 1
Páginas: 304
"Corro. A energia pulsa por mim em ondas implacáveis, me alimentando enquanto tento ignorar seu fluxo nas veias. Apesar de tudo, sinto uma estranha alegria. Fui eu quem criou todo esse caos."
Há
alguns anos, uma praga conhecida como a febre
do sangue devastou o mundo e o transformou para sempre.
Todos os adultos
que ficaram doentes, morreram. Nenhum se curou. Quanto às crianças,
houve algumas que sobreviveram, mas que nunca mais foram as mesmas. Depois que
se curaram da doença, ficaram com estranhas marcas e/ou cicatrizes pelo corpo e
começaram a ser chamadas de malfettos. E alguns desses malfettos desenvolveram
poderes incomuns.
Os
Jovens de Elite são um grupo de malfettos com esses poderes. Há entre eles quem
possa criar fogo do nada, controlar os animais e o vento, ou até mesmo se
tornar invisível. A missão desse grupo é lutar contra a Inquisição – formada justamente
para destruir todos os malfettos – e encontrar outros jovens com poderes como
eles.
Enquanto
muitas pessoas temem os Jovens de Elite, Adelina está descobrindo suas
habilidades apenas agora. Tanto ela quanto sua irmã mais nova, Violetta,
tiveram a febre do sangue quando eram pequenas, mas, enquanto Violetta se recuperou
sem nenhuma marca permanente, Adelina ficou com os cabelos completamente
prateados e perdeu um dos olhos, ficando apenas com uma cicatriz horrível em
seu lugar, o que permitia que qualquer um pudesse ver que ela era uma malfetto.
Por
causa dessa mesma doença, Adelina e Violetta acabaram perdendo sua mãe, tendo
agora apenas o pai para criá-las. Mesmo que Adelina ainda seja bonita, seu pai
acredita que nenhum homem vai querer se casar com uma malfetto e, assim,
dedica-se exclusivamente a Violetta, esquecendo-se da filha mais velha. Vez ou
outra ele provocava Adelina, esperando que ela manifestasse algum tipo de poder
e acabasse se tornando útil para ele. No entanto, Adelina nunca apresentou
nenhum sinal que confirmasse que ela tinha qualquer tipo de poder.
Certa
noite, ela ouve a conversa do pai com um estranho e percebe que ele a está
vendendo para esse desconhecido, não para que ele se case com ela, é claro, mas
para que seja sua amante. Ao perceber o terrível futuro que a aguarda, ela
decide esperar até a noite para que possa fugir. Durante a fuga, seu pai acaba
alcançando-a e tenta obrigá-la a voltar para casa, mas algo acontece dentro de
Adelina e, sem querer, ela acaba produzindo uma ilusão terrível. Assustado, o
cavalo de seu pai o derruba e o mata, e Adelina foge, até que acaba sendo presa
pela Inquisição, culpada tanto pela morte de seu pai como pelo crime de ser uma
malfetto com poderes demoníacos.
No
dia de sua execução, duas coisas acontecem: sem saber como, ela consegue criar
suas ilusões novamente e acaba sendo salva pelos Jovens de Elite, que a acolhem
e dizem que se ela conseguir passar por todos os seus testes, poderá se tornar
um deles. Porém, há um obstáculo: a escuridão que a própria Adelina carrega
dentro de si.
É
bem verdade que já vimos premissas parecidas em vários outros livros: um
pequeno grupo de pessoas que desenvolvem superpoderes, fazendo com que sejam
temidos pelo restante da sociedade. Muitos desses poderes também são bem comuns
em vários outros livros do mesmo tipo, bem como muitos personagens nos soam
familiares, também vindo de outras estórias. Porém, o fim deste livro me fez
repensar essa opinião, devido a alguns acontecimentos e o fato de uma narrativa
em particular não ter seguido o caminho que eu esperava.
Falo
de uma narrativa em particular porque o livro é contato sob vários pontos de
vista, sendo apenas o de Adelina em primeira pessoa e os demais em terceira.
O
epílogo também me deixou bastante curiosa, trazendo uma nova personagem e já uma
grande interrogação para o livro seguinte.
Marie
Lu já disse em algumas entrevistas que a premissa do livro nos faz pensar sobre
o que faz alguém escolher a escuridão ao invés da luz e que esta é a história
da origem de uma vilã.
Adelina
pode ser uma personagem que chamaríamos de boa em alguns momentos, mas isso não
acontece sempre, especialmente quando o livro vai chegando perto do fim e
percebemos que ela se torna cada vez mais sombria. Não me surpreende o fato de
ela ter alguns problemas, dada a infância que teve. Seu pai era um homem cruel,
especialmente com ela. Ao mesmo tempo em que o despreza, ela está muito ciente que
é parecida com seu pai em muitas coisas, mais até do que gostaria. Ela está
feliz agora que descobriu que tem seu poder e há momentos em que ela se deixa
levar pela escuridão de onde vem esse poder. No começo ela comete vários erros,
mas consigo entender os seus motivos e seu comportamento, mesmo não gostando
das decisões que ela toma. A verdade é que ela está desesperada para ser aceita
e poder fazer parte de algo, deixando para trás a sua solidão, tanto que se
agarra aos Jovens de Elite e quer muito que eles sejam seus amigos.
Eu
tive uma mistura de sentimentos a respeito do livro. A escrita de Marie Lu,
como sempre, nos absorve e nos leva para dentro da trama, mas mesmo assim eu
não consegui me conectar a todos os personagens – apenas com um, Rafaelle, que
até acho que merecia um livro à parte, só pra ele.
Sim,
há uma pequena dose de romance na narrativa, mas a relação mais complexa ali é
entre Adelina e Violetta, sua irmã. Os sentimentos de Adelina a respeito dela
são complicados. É possível para o leitor perceber que Adelina se importa com a
irmã e que até quer protegê-la, mas também é evidente o ressentimento que ela
guarda por Violetta sempre ter sido a preferida do pai e nunca ter feito nada
para ajudá-la.
Enfim,
o livro tem bastante ação e soube introduzir muito bem esse novo mundo. Meu
único problema foi a falta de conexão com os personagens mesmo, mas a narrativa
flui muito bem e a leitura é rápida.
E
depois do fim do livro e do epílogo, estou bem curiosa pra saber que rumo essa
história irá tomar.
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