Autora: Kristin Hannah
Editora: Arqueiro
Páginas: 425
"...Para nós (mulheres) foi uma guerra nas sombras. Ninguém organizou desfiles para nós quando a guerra acabou, não nos deram medalhas, nem nos mencionaram nos livros de história. Fizemos o que precisávamos fazer durante a guerra, e quando tudo acabou nós recolhemos os cacos para começar a vida de novo. (...)- E você, o que fez na guerra, mãe?- Sobrevivi."
Uau!
Não há outra maneira de eu começar esta resenha. Fui
completamente tomada pela beleza e pela força da escrita. Que história
formidável!
A narrativa começa em 1995, como uma velha senhora, já no fim de
sua vida, mudando-se de sua casa para uma casa de repouso. O câncer a vencera e
já não há mais nada que possa ser feito. Assim, ela prefere passar seus últimos
dias longe da família, para que não sofram vendo-a partir.
Sem muito futuro pela frente, ela começa a olhar para o passado,
levando-nos a conhecer o começo da história de sua vida, na França de 1939,
antes de a guerra acontecer e mudá-la para sempre.
A partir daí, a história foca-se nas irmãs Vianne e Isabelle
Rossignol.
Vianne, a mais velha, era a que sempre seguia as regras e fazia
de tudo para manter sua vida confortável e segura. Isabelle era a rebelde, a
irresponsável, a que nunca se conformava.
Enquanto Vianne, agora com 28 anos, vivia sua vida perfeita no
campo, com seu marido Antoine e sua filha Sophie, Isabelle, aos 18, era expulsa de uma escola atrás da outra,
sempre por causa de seu mau comportamento.
Foi um golpe muito duro para Vianne e sua família quando Antoine
recebeu uma carta, convocando-o para o front dessa nova guerra (a Segunda
Guerra Mundial) que começava. Do dia para a noite, o carteiro teve que se
tornar um soldado, e a mulher que tinha no marido o porto seguro, perdeu seu
chão. E para piorar seu estado de nervos, sua irmã de gênio indomável fora
enviada para morar com ela.
Era muito difícil para Vianne e Isabelle conviverem na mesma
casa. A diferença de idade e de gênios era gritante. Enquanto Vianne procurava
fazer tudo o que lhe era ordenado, para chamar o mínimo de atenção possível
para sua casa e sua família, Isabelle estava sempre gritando, questionando e
desafiando o que lhes era ordenado e, para horror de sua irmã, chamando a
atenção dos inimigos alemães para si.
Diante das dificuldades e do terror que aumentavam a cada dia, e
das divergências entre as irmãs, Vianne e Isabelle acabam se afastando
novamente.
Vianne permanece em casa enfrentando seus próprios demônios e
lutando sua própria guerra. Isabelle,
por sua vez, entra para um grupo da resistência, para lutar contra os nazistas
e mostrar que nem toda a França se rendera. Eles arriscam suas vidas todos os
dias para fazer a diferença e ajudar o máximo de pessoas que puderem,
fornecendo-lhes comida, asilo, documentos falsos e até levando-os a lugares
seguros, tudo isso bem debaixo do nariz dos alemães.
Em lugares opostos e com crenças muito diferentes, duas irmãs
lutam da maneira que podem, como aprenderam, para sobreviver a uma guerra que
devastou a vida de milhões de pessoas. E cada uma, a seu modo, deu o melhor de
si, fazendo a diferença e salvando a vida de muitas pessoas.
Enquanto os homens enfrentavam grande dificuldade e sofrimento no front,
tentando defender o seu país, a guerra não atingia somente a eles, mas a todos.
Este é um livro que representa as mulheres da guerra sobre as quais ninguém nunca
falou. Claro, é uma história de ficção, mas tenho certeza de que o livro fala
por muitas mães, esposas, filhas e irmãs que se sacrificaram e tiveram de ser
fortes quando não lhes restava mais nenhuma esperança no período mais sombrio
de suas vidas, arriscando-se para salvar e proteger tantas pessoas quanto lhes
era possível – e mesmo quando não era.
Sabem quando um livro te absorve tanto que você para tudo pra
continuar naquela história e não se dá por feliz enquanto não chega ao fim
dela? Foi o que aconteceu comigo. Eu li de uma vez só, em poucas horas.
A força contida nas descrições das cenas é tanta que se torna
impossível separar-se dos personagens e não sentir o que eles sentem. Algumas
partes são tão difíceis e dolorosas de se ler, que eu precisava respirar fundo
antes de prosseguir. Eu me angustiei, eu chorei e eu morri de medo. Eu passei
pela destruição da guerra, pela fome, pelo frio intenso e pelos campos de
concentração. E eu também vi a esperança renascer. Sobrevivi.
Eu sou uma amante de romances de guerra – biográficos e
fictícios – e, a cada novo livro que leio, eu morro e renasço, só para poder
dizer no final: que história linda!
E como vocês já devem ter percebido, com O Rouxinol não foi diferente.
Nenhum comentário
Postar um comentário