Autora: Sarah Addison Allen
Editora: Rocco
Páginas: 238
"Os negócios iam bem, porque todos os habitantes da cidade sabiam que os pratos feitos com as flores que cresciam em volta da macieira no jardim da família Waverley podiam afetar o comilão de maneiras curiosas. As bolachas com geleia de lilás, os biscoitos de chá de alfazema e os bolos para chá feitos com maionese de capuchinha encomendados para as reuniões mensais das Mulheres Unidas davam a elas a capacidade de guardar segredos. Os botões de dente-de-leão fritos sobre arroz de pétalas de cravo-de-defunto, os brotos de abóbora recheados, e a sopa de frutos da roseira garantiam à pessoa que os convidados só reparariam na beleza da sua casa, nunca nos defeitos. A manteiga de mel de hissopo de erva-doce na torrada, o doce de angélica, e os bolinhos com amor-perfeito cristalizado tornavam as crianças atenciosas. O vinho de madressilva servido no Quatro de Julho dava à pessoa habilidade de ver no escuro. O sabor de nozes da pasta feita com bulbos de jacinto provocava melancolia e trazia lembranças passadas, enquanto as saladas feitas com chicória e menta faziam acreditar que algo de bom estava para acontecer, fosse verdade ou não."
Bascom é uma típica cidadezinha onde todo mundo conhece
todo mundo. No entanto, há algo de diferente no ar dessa cidade, algo como uma
magia muito sutil. Todos sentem e sabem disso, mas preferem fazer de conta que
não existe nada.
Claire e Sydney são duas irmãs que há muitos anos não se falam,
tanto que Claire sequer sabe do paradeiro da irmã.
Sua mãe fora uma hippie um tanto irresponsável que, um dia,
simplesmente foi embora e as deixou aos cuidados da avó sem nem um bilhete de
despedida.
Desde sempre, a família de Claire sempre fora rotulada e
evitada. Todos desconfiavam das mulheres dessa família e, principalmente, da
macieira que ficava no quintal da casa. Por algum motivo, quem comia as maçãs
daquela árvore veria o dia de sua morte ou o dia mais importante de sua vida. No
entanto, geralmente era o dia da morte.
Por esse motivo e pelo fato de as mulheres da família serem um
tanto exóticas, Sydney fugiu da cidade assim que pôde, tentando deixar essa
vida estranha para trás e começando uma nova onde ninguém a conhecesse e nem a achasse anormal.
Claire, por sua vez, preferira ficar e superar o preconceito da
cidade. Abrira um buffet e em todas as suas receitas ela usava flores – porque,
sim, o jardim da família também era um tanto diferente – e há quem jure que ela
também era capaz de fazer certas poções.
O fato é que ela conseguiu o que queria e seu buffet era muito
conhecido e procurado em toda a cidade.
Tudo ia às mil maravilhas até que duas coisas acontecem e fazem
com que Claire sinta-se ameaçada e perca as rédeas de sua vida sempre tão
previsível e controlada (do jeito que ela gostava): a mudança do vizinho novo e
a volta de Sydney para casa, agora com sua filha Bay.
♥
A partir desse momento, de alguma maneira, a vida de várias
pessoas na cidade sofrem uma mudança muito significativa.
Este é um daqueles livros despretensiosos que você começa a ler
sem esperar nada e não demora para que se sinta completamente cativado pela
história e seus personagens.
Uma história de que valoriza o amor e a família, que nos mostra
que a vida nos presenteia com seus encantos todos os dias e só depende de nós fazer com que todos os nossos dias sejam uma dádiva.
Encantos do jardim é um livro cheio de levezas, poesias e
metáforas.
É divertido, lindo e delicioso! Um romance encantador, daqueles
que te deixam com uma pontinha de tristeza quando você se dá conta de que está
chegando às últimas páginas. Com uma pitada de magia, doçura e mistério, o
livro me fez lembrar do filme Da Magia à Sedução. Quem gosta desse filme,
certamente vai amar o livro!
Recomendo!
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