Distopia ou antiutopia é o pensamento, a
filosofia ou o processo discursivo baseado numa ficção cujo valor representa a antítese
da utopia ou promove a vivência em uma "utopia
negativa".
As distopias são geralmente caracterizadas pelo totalitarismo,
autoritarismo,
por opressivo controle da sociedade. Nelas, caem as cortinas, e a sociedade mostra-se
corruptível; as normas criadas para o bem comum
mostram-se flexíveis. A tecnologia é usada como ferramenta de controle, seja do
Estado, seja de instituições
ou mesmo de corporações.
Distopias são frequentemente
criadas como avisos ou como sátiras, mostrando as atuais convenções sociais e limites
extrapolados ao máximo. Nesse aspecto, diferem fundamentalmente do conceito de
utopia, pois as utopias são sistemas sociais idealizados e não têm raízes na
nossa sociedade atual, figurando em outra época ou tempo ou após uma grande
descontinuidade histórica.
Uma distopia está intimamente
conectada à sociedade atual. Um número considerável de histórias de ficção científica que ocorrem num futuro próximo
do tipo das descritas como "cyberpunk",
usam padrões distópicos de uma companhia de alta
tecnologia dominando um mundo em que os governos nacionais se tornaram
fracos.
O primeiro uso conhecido da
palavra 'distopia' apareceu num discurso ao Parlamento Britânico
por Gregg Webber e John Stuart Mill, em 1868[2].
Nesse discurso, Mill disse:
"É, provavelmente,
demasiado elogioso chamá-los utópicos; deveriam em vez disso ser chamados
dis-tópicos ou caco-tópicos. O que é comumente
chamado utopia é
demasiado bom para ser praticável; mas o que eles parecem defender é demasiado
mau para ser praticável."
Portanto, Mill se referia a um
lugar mau, ao oposto de utopia.
Em grego, a partícula δυσ (translit.
"dis" ou "dys") exprime 'dificuldade, dor, privação,
infelicidade'; a palavra τόπος (translit., topos) significa 'lugar'.
Portanto, 'distopia' quer dizer 'lugar infeliz, ruim'. Já a palavra 'utopia' se
compõe de ου (translit. ou, latinizado como u-), advérbio de negação, e
τόπος, 'lugar' . Assim, utopia significa 'lugar nenhum', e distopia
significa 'lugar ruim'.
A maioria das distopias tem alguma conexão com o nosso mundo, mas frequentemente se refere a um futuro imaginado ou a um mundo paralelo no qual a distopia foi engendrada pela ação ou falta de ação humana, por um mau comportamento ou por ignorância.
A literatura distópica costuma
apresentar pelo menos alguns dos seguintes traços:
- Tem conteúdo moral, projetando o modo como os
nossos dilemas morais presentes figurariam no futuro.
- Oferecem crítica social e apresentam as
simpatias políticas do autor.
- Exploram a estupidez coletiva.
- O poder é mantido por uma elite, mediante a
somatização e consequente alívio de certas carências e privações do indivíduo.
- Discurso pessimista, raramente "flertando" com a esperança.
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