QUEM É VOCÊ, ALASCA? (Looking for Alasca) - John Green

Editora WMF Martins Fontes. 240p.

Classificação: 

Miles Halter é um adolescente magrelo, solitário, amante de biografias e colecionador de célebres últimas palavras. Quando ele decide estudar em Culver Creek (colégio interno em quem todos os homens da família de seu pai estudaram), seus  pais lhes perguntam se ele tem certeza daquilo e dizem que ele poderia estudar onde quisesse, sem cumprir uma tradição de família. Mesmo assim, Miles queria ir. Então sua mãe lhe perguntou por quê ele queria ir para Culver Creek. Miles foi até a biblioteca, pegou um volume com a briografia do poeta François Rebelais  e leu as últimas palavras deste antes de morrer:

"Saio em busca de um Grande Talvez”.

Era por isso que Miles  estava indo embora. Para não ter de esperar a morte para procurar o Grande Talvez. E assim, ele seguiu para Culver Creek.

Na escola, no quarto 43, Miles conhece Chip Martin, seu colega de quarto e estudante veterano. Chip (o General) parece ser durão, mas simpatiza com Miles logo de cara. Enquanto Miles coleciona célebres últimas palavras, Chip decora os dados geográficos dos países e suas capitais. Acabam por tornar-se bons amigos.

Também em Culver Creek, Miles (agora "Gordo", apelido dado por ser magrelo) conhece Alasca Young. A garota dos sonhos de qualquer garoto adolescente.

“Entramos. Eu me virei para fechar a porta, mas o Coronel balançou a cabeça e disse: “Depois das sete temos de deixar a porta aberta se estivermos no quarto de uma garota”, mas eu quase não o ouvi, pois diante de mim estava a garota mais linda da história da humanidade, com jeans cortados à altura das coxas e uma camiseta regata cor de pêssego”

Alasca era uma jovem vibrante, eufórica. Chamava a atenção em qualquer lugar que passasse, tinha personalidade forte e era destemida e  muito inteligente. Mas também era sensível, inconstante e bipolar.

Mas não havia problemas com isso. Miles a amara mesmo assim, desde o primeiro instante em que seus olhos a viram.

Depois, Miles conheceu Takumi e Lara. E assim formou-se um grupo sólido de cinco amigos – coisa que Miles nunca teve na vida antes – que colocavam a lealdade acima de tudo.

No decorrer da história, aprendemos várias lições com esses adolescentes e também com um dos professores deles, o Sr. Hyde, o professor de Religião – um dos meus personagens preferidos! A todo instante somos levados  a questionar a importância da vida e o por quê de estarmos aqui.

“Então está bem, Sr. Garoto-das-Últimas-Palavras, tenho uma para você.” Ela pegou a mochila abarrotada de coisas e tirou um livro. “Gabriel García Márquez. O general no seu labirinto. É um dos meus prediletos. É sobre Simón Bolívar.” Eu não conhecia Simón Bolívar, mas ela não me deu tempo de perguntar. “É um romance histórico, então não sei se é verdade, mas, no livro, sabe quais foram as últimas palavras dele? Não, não sabe. Pois, então, vou lhe dizer, Señor Últimas-Palabras.”Ela acendeu um cigarro e deu uma tragada tão longa e profunda que pensei que a coisa toda ia se queimar de uma só vez. Ela soltou a fumaça e leu para mim. “‘Ele’ – ou seja, Simón Bolívar – ‘estremeceu diante da revelação de que a corrida arrojada entre seus males e seus sonhos estava chegando ao fim. O resto eram trevas. ‘Droga’, ele suspirou. ‘Como sairei deste labirinto?’”

E o que era o labirinto? A vida e os sofrimentos trazidos com esta. Essa era a pergunta de Alasca Young: Como sairei  deste labirinto?

Todos temos, acredito, um pouco de Alasca Young em nós. É o nosso lado que se revolta, que expõe alguns medos e esconde outros bem lá no fundo da alma. Todos queremos sair do labirinto. Alguns tentam, outros sentam no caminho e desistem, esperando o tempo passar... E outros têm vontade apenas de correr, correr e correr...

“Quais são as regras deste jogo e qual a melhor maneira

de jogá-lo?”

Ao final do livro, nos damos conta de que a resposta e as regras do jogo estão dentro de nós e somente a nós cabe responder e jogar da melhor forma.

Não vou contar sobre o que mais acontece na história. Estragaria a surpresa e eu lhes entregaria de bandeja o Grande Talvez.

Quem é você, Alasca? é um livro que me impressionou, me ensinou e me marcou muito. Me fez rir e também me fez chorar. E quero terminar esta resenha  com outro grande trecho do livro:

“Tantos de nós teríamos de conviver com coisas feitas e deixadas por fazer naquele dia. Coisas que terminaram mal, coisas que pareceram normais na hora, porque não tínhamos como prever o futuro. Se ao menos conseguíssemos enxergar a infinita cadeia de consequências que resultariam das nossas pequenas decisões. Mas só percebemos tarde demais, quando perceber é inútil”.

Recomendo, recomendo e recomendo.

*Resenha feita para o Book Tour do blog Confissões Literárias.