O DIÁRIO ROUBADO por Règina Deforges


Título original: Le Cahier Volé
Autor:  Règine Deforges
Editora: Bestbolso
Páginas: 140
Classificação


Léone é uma adolescente de quinze anos de idade, radiante de energia, beleza e personalidade que acredita que a única certeza que tem no dia-a-dia da pequena e pacata POITOU, cidadela no interior da França, é que ama Mélie, sua sensível e doce colega de classe. Ambas frequentam o colégio de freiras, onde Léone questiona mentalmente os ensinamentos em sala e fantasia as delícias de estar ao lado de Mélie e a tocar. Na fase plena do descobrimento da sua sexualidade, Léone possui um ardoroso e tenaz admirador, o jovem Jean-Claude. Quando ele a abraça, ela sente desejo e ficar nua e ser beijada por todo o corpo mas é direta ao dizer ao rapaz que é de Mélie que gosta. O jovem não se preocupa. Diz que é normal este tipo de apego entre meninas. Decerto orientado por algum adulto. O que ele quer é que Léone o deixe ficar por perto. Todas as manhãs, após sair do colégio - ela e Mélie não freqüentam a mesma sala - Léone corre até a casa de Mélie e de lá, as duas apaixonadas se trancam no quarto para beijos e carícias íntimas. Depois, Léone tem que correr para não se atrasar para o almoço com sua família. Uma rotina apertada da qual ela não se queixa. Quer apenas estar ao lado da namorada.

Certa tarde, Jean-Claude consegue arrancar dela o consentimento para se encontrarem escondidos em uma colina verdejante. Léone, como toda menina de sua idade, possui curiosidade sobre meninos e também certa excitação com a descoberta do mundo masculino. A mãe da adolescente consente que eles saiam, fitando-a com olhar cúmplice de pleno entendimento.
Eles encontram-se e entre beijos e abraços, Léone reagindo às carícias dele com avidez de um "animalzinho no cio", e Jean-Claude a estimula com os dedos enquanto a mordisca nos seios até que eles gozem. Apaziguados, ambos esperam até poderem voltar, cada um para sua casa.

Léone não possui amigos. Somente colegas. Na verdade não é por falta de pessoas que querem aproximar-se dela. A adolescente é exigente e não consegue confiar naquelas pessoas da localidade, com quem cresceu. Confia somente em Mélie mas nem a ela, Léone tem coragem de confidenciar tudo que sente. Por isso possui um diário. Neste, ela derrama o âmago de sua alma, descrevendo a intensidade de tudo ao redor e também do sentimento por Mélie. Descreve como suas pernas doem, seu corpo reage ao tocar e ser tocada pela namorada.

Nas férias, todos do lugarejo vão a um baile na prefeitura. No campo não há muitas possibilidades de diversão e quando surge uma, todos logo se apressam a ir se divertir. Lá, Jean-Claude apresenta Alain à Léone. A jovem logo sente uma violenta antipatia por aquele malicioso jovem de dezenove anos que veio passar as férias no pacato lugarejo.

O olhar,de tal crueldade do rapaz sobre Léone e Mélie, fazendo Léone afastar-se da namorada instintivamente.
Na pista de dança, um rapaz chamado Francis tira Mélie para dançar enquanto Jean-Claude dança com Léone. O rapaz tenta beijar a jovem no pescoço, mas ao avistar o olhar dolorido de Mélie, Léone o afasta. Alain tira Léone para dançar, quase à força, dizendo que ia mostrar a ela como é bom o toque de um homem e não de garotas. Léone resiste a ele mas ele a arrasta pelo salão em uma valsa, forçando o rosto dela para cima para que o olhasse. Ele a chama de “galinhazinha”, dizendo que ela nasceu para trepar, enquanto as outras garotas nasceram para ser donas de casa e outros ofícios. Diz que está de “pau duro”. Ela se livra dele e sai correndo do salão. Ela retorna correndo para sua casa e a mãe a lembra que partiriam dali a dois dias para as montanhas, onde seu pai fazia um tratamento de saúde. Em seu quarto, ela esmurra o travesseiro com raiva e frustração. “Como poderia ter sido tão transparente?” Ela tinha vontade de fazer amor com um homem, de ter o sexo dele entrando no dela mas não poderia contar isso para Mélie que encararia a coisa como traição. Ela sentia como se o prazer tido com as carícias da namorada fosse incompleto e precisasse de mais. As férias nas montanhas, para ela, parecem intermináveis. Ela mantém-se escrevendo cartas para Mélie e recebe outras de Jean-Claude, respondendo com cartões postais. Ela estava aflita para retornar, rever o campo cheio de flores no verão, o rio que nunca ficava totalmente frio, seu barco, o aroma de trigo e principalmente, Mélie. Ela lhe fazia muita falta naquelas três semanas e para mitigar a saudade, trocaram intensas cartas apaixonadas. Mas é em seu diário que ela despeja suas dores, cóleras ou alegrias. Ela o escrevia desde que tinha onze anos e ninguém sabia de sua existência. Nem a namorada. O diário era escondido atrás de um quadro na sala de jantar. Léone o guarda trancado em uma caixa. Teme os olhares indiscretos. Se alguém o lesse, ela “morreria de vergonha”. Nas suas férias solitárias nas montanhas, Léone derrama toda a intensidade de seu amor e desejo por Mélie nas páginas, relatando o sexo que faziam com tal intensidade que vezes tinha que parar para se acariciar. Elas duas, com quinze anos, belas e apaixonadas pareciam atravessar o verão da felicidade. Seu devaneio intenso se rompe quando a mãe entra na sala de estar, gritando com ela. A polícia veio intimar a ela e a seu pai. Ela não sabia o que pensar. Não havia sido surpreendida roubando pêssegos verdes ou groselhas, ou pegando o vinho da adega do tio. Não sabia a razão de ter policiais. Quando sua mãe diz o nome de Mélie, Léone empalidece. A mãe a esbofeteia e ela sai correndo para a rua, pensando em Mélie, com medo por Mélie. Léone corre descalça pelas ruas e se defronta com seus amigos na casa de uma outra amiga. Ali ela se encontra com Mélie que chora porquê seus pais estão naquele momento prestando depoimento na Delegacia. O diário de Léone, inexplicavelmente foi roubado por Alain, que alardeou por todos os cantos daquela minúscula e puritana cidade os detalhes ardentes do relacionamento das namoradas. Todos se voltam contra Léone que luta como uma tigresa na defesa do seu amor por Mélie. Já a namorada se mostra uma menina temerosa de contrariar os pais e covarde. Os dias passam e Alain se coloca em todos os lugares públicos, lanchonetes, sorveterias, lendo trechos do diário, fazendo com que a população mais velha de Poitou, os puritanos e outros hipócritas, simplesmente encarasse a exuberante ruiva, Léone como uma aberração devassa que teria seduzido a ingênua Mélie. Para piorar, Alain instiga vários rapazes para encurralar e estuprar Léone mas a jovem vigorosa os ataca, surrando alguns e fugindo. Ela tudo faz para ficar com a namorada mas enquanto ela luta, Mélie já havia desistido de tudo. Proibidas de se encontrarem, Mélie entrega-se à depressão enquanto Léone luta pelo seu amor, indo contra sua família, os amigos e toda a população da cidadela. Ela demonstra uma profundidade de amor, uma grandeza e solidez de caráter que poucas pessoas teriam em idades mais avançadas. Na cidade, mulheres atacam Léone tentando lincha-la e os que antes haviam sido seus amigos, observam sem interferir. Elas a espancam, chutam e rasgam suas roupas. Apenas um forasteiro interfere e demonstra um pouco de misericórdia. Sabendo disso, o pai de Léone leva a família para longe dali. Mélie chora na despedida, jurando que amaria Léone até o fim de sua vida e a jovem parte, com o coração e alma partidos, sabendo que amadurecera precocemente e que não voltaria. 

Nenhum comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Últimos livros lidos